O novo Fusion enfrenta Azera, Cadenza e Passat, formando um cardápio com receitas sofisticadas e temperos originais
É chegada a hora do tira-teima: o confronto direto do novo Fusion com os rivais que enfrentará na vida real. Só tem peso-pesado. O coreano Hyundai Azera V6 3.0 é o líder do segmento. Tem até um irmão gêmeo, o Kia Cadenza, igualmente estiloso, mas ainda mais forte, com um V6 3.5. O Passat, de visual mais discreto, aposta na sobriedade e na boa (e justificada) fama da engenharia automotive alemã. No motor, o Volkswagen saiu antes com a estratégia que agora a Ford repete: abandonou o V6 em prol da frugalidade do quatro-cilindros 2.0 turbo de alta eficiência. Entre opções mais ou menos calóricas, mas todas elas requintadas e com visual apetitoso, é hora de ver qual tem a receita mais harmoniosa e a que mais agrada ao paladar dos mais exigentes gourmets.
4° Volkswagen Passat 2.0 TSi
O Passat é um dos que mais sofreram com a evolução dos coreanos. Diante do design arrojado, o ex-líder do segmento se apequenou. Literalmente. Com 4,77 metros de comprimento, ele é o menor dos quatro sedãs aqui alinhados - Cadenza, Azera e Fusion medem, respectivamente, 4,97, 4,91 e 4,87 metros. E nunca é demais lembrar que este é um segmento no qual o porte é, assim como o design e o efeito novidade, muito valorizado. Mas é preciso fazer justiça. Mesmo menor (inclusive no entre-eixos), o Passat tem basicamente o mesmo espaço na cabine e ganha no porta-malas, com bons 485 litros.
O que foi dito na edição de março, quando fizemos este mesmo comparativo - claro, sem o Fusion -, se repete. O problema do Passat está no preço, que foi agravado com a chegada do modelo da Ford, que estabeleceu um novo patamar de equipamentos no segmento. Deixar um Passat tão equipado quanto o Fusion pede a compra de todos os seus opcionais (muitos oferecidos dentro de pacotes). Isso significa investir 33 344 reais em itens como teto solar elétrico e sistema de assistência de manobra. Ou seja, o preço do Passat (112677 reais) sai de um empate técnico com o do Fusion (112 990 reais) e supera de longe o do Cadenza (129 900 reais) e até o do Azera completo (130 000 reais), chegando a 146 021 reais.
Se o Fusion chegou dando as cartas em termos de equipamento, na pista quem manda é o Passat. O Volks superou os rivais em aceleração, retomada e frenagem. Dando um show de eficiência, ainda foi o melhor na medição de consumo urbano e o vice-líder no rodoviário. Mais que números convincentes, o Passat tem ótima dinâmica, em especial para quem aprecia uma tocada mais esportiva. A suspensão tem acerto rígido e o motor 2.0 turbo acorda rápido e bem disposto assim que o acelerador é pressionado. Combina com ela o câmbio automatizado de dupla embreagem DSG, disparado o que proporciona as trocas mais rápidas do comparativo.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
O Passat ainda é o carro que mais bem conversa com o piloto. A direção é imediata e a suspensão, firme e confiável.
MOTOR E CÂMBIO
O câmbio automatizado com dupla embreagem é muito superior às caixas automáticas dos rivais: silencioso, bem escalonado e extremamente rápido.
CARROCERIA
Além de aparentar ser um projeto bem mais antigo, a carroceria três-volumes do Passat segue na contramãoda moda dos sedãs que a cada dia têm mais reforçado o estilo cupê quatro portas.
VIDA A BORDO
Um Passat básico, sem bancos elétricos, teto solar e câmera traseira parece pertencer a uma categoria inferior.
SEGURANÇA
A versão básica tem os mesmos dispositivos dos coreanos completos.
SEU BOLSO
A menos que o comprador esteja disposto a pagar caro pela dirigibilidade, o Passat tem a pior relação custo-benefício.
3° Kia Cadenza
No comparativo de março, o Cadenza saiu vencedor, mas agora foi ultrapassado pelo Azera. Não chega a ser uma queda de performance, foi o Azera que se provou mais confiável aos olhos do consumidor. Segundo a Fenabrave, de janeiro a setembro, foram registrados 3 401 Azera, enquanto a Kia só emplacou 358 unidades. Essa timidez o coloca bem atrás nas vendas inclusive do Passat, com 1 123 emplacamentos no período. Termômetro da confiança do consumidor, a imagem de marca da Kia sentiu os efeitos do aumento do IPI. A Hyundai sofreria do mesmo mal, mas o fato é que atualmente ela parece muito mais sólida que a Kia, com direito a revisões com preço fixo e fábrica no Brasil.
"Uma mudança nos equipamentos que decoram o console central está prevista para ocorrer no primeiro semestre de 2013, provavelmente com a chegada do ano-modelo 2014", diz uma fonte ligada ao importador. "O modelo ganhará tela multimídia entre as saídas centrais de ventilação, comandos do ar e do rádio reestilizados e um relógio analógico. Por fora, terá o para-choque dianteiro redesenhado." As alterações por vir, ainda que pequenas, também levaram o Cadenza a engatar a ré no comparativo.
O motorzão V6 3.5 do Kia é silencioso: das quatro situações em que é analisado o nível de ruído na cabine (em ponto morto, rotação máxima e a 80 e 120 km/h), só não foi o mais silencioso em uma - ficou em segundo em rotação máxima, com 62,2 decibéis, atrás apenas do Azera, com 59,9. Em tempos de downsizing (a diminuição dos motores em tamanho e apetite, sem perda de performance), até que se defendeu bem. Na pista, atingiu números de desempenho e consumo próximos aos do Fusion, mas cobra caro (129900 reais) por um pacote de equipamentos mais simples (auxílio em manobras, piloto automático adaptativo e airbags de joelhos não aparecem sequer como opcionais).
Assim como o Azera, o Cadenza oferece cinco anos de garantia total, contra apenas três do Passat e do Fusion. A Kia é uma das únicas marcas que ainda não trabalha com revisões a preços fixos.
DIREÇÃO, FREIOE SUSPENSÃO
É o mais macio da turma. A dianteira raspa fácil em valetas de rua e rampas de edifício.
MOTOR E CÂMBIO
O motor (3,5 litros) é maior que o do Azera (3 litros). É pouco, mas suficiente para garantir mais vigor nas acelerações - e no consumo.
CARROCERIA
Visual atraente, com menos uso de vincose volumes que o Azera.
VIDA A BORDO
Vendido em versão única, o Cadenza é tão completo quanto o Azera topo de linha.
SEGURANÇA
Equivalente em dispositivos a Azera e Passat, mas inferior ao pacote do Fusion.
SEU BOLSO
O Azera vem caindo de preço e, diferentemente do que se esperava,a Kia não tem acompanhado essa queda.
2° Hyundai Azera V6 3.0
A diferença para o terceiro lugar, Cadenza, foi tão pequena que dá para considerar um empate técnico entre os coreanos. Ainda que pequena, a vantagem está na "força comercial" do Azera, cuja tendência é sofrer desvalorização menor que a do Cadenza em virtude do maior número de vendas e da rede maior e mais bem estruturada. Outra vantagem está no preço de tabela mais em conta: 108 000 reais a versão de entrada e 127 000 reais a topo de linha. Assim como ocorre com o Passat, é preciso se basear na mais completa, uma vez que a básica fica a anos-luz do Cadenza e principalmente do Fusion no que diz respeito a conteúdo.
Montado sobre a mesma plataforma do Cadenza, o Azera tem motor menor por causa do perfil imprimido pela corporação a cada marca: a Kia tem uma clientela mais jovem e chegada a uma dose a mais de esportividade, enquanto a da Hyundai é mais sóbria. O fato é que o V6 do Cadenza é um 3.5 de 290 cv e o do Azera, um 3.0 de 250 cv - o Grupo Caoa, importador oficial, suprimiu a informação de potência do material de divulgação. Ao volante, há uma diferença evidente de vigor em relação a todos os rivais. Mas isso não quer dizer que oAzera seja lento - mesmo com 1581 kg, vai de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos. A recompensa aparece ao abastecer. Registrando em média 12,8 km/l de gasolina na estrada, o Azera é o mais econômico dos quatro: no consumo urbano, só perdeu para o Passat (7,9 ante 9,1 km/l).
O sistema de som da marca Infinity, presente ape- nas no Azera mais caro, é composto de dez altofalantes. O pacote da versão top inclui ainda chave presencial, volante com ajuste elétrico de altura e profundidade, faróis de xenônio, teto solar elétrico e controles de tração e estabilidade, entre outros.
Gêmeos de projeto, Azera e Cadenza se equivalem no espaço interno. Ambos contam com o assoalho à frente do banco traseiro com um degrau baixo, o que permite ao passageiro do meio viajar de maneira mais confortável.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A suspensão tem acerto parecido com a do Cadenza, mas os pneus de perfil baixo montados em rodas maiores, aro 18, deixam o rodar menos confortável.
MOTOR E CÂMBIO
Em tempos deredução no consumode combustível, o V6 do Azera se saiu muito bem em trechos rodoviários. Média de 12,8 km/l, a melhor do comparativo.
CARROCERIA
O volume nos para- lamas traseiros é uma conexão de estilo com a bem-sucedida geração anterior.
VIDA A BORDO
Materiais de boa qualidade e muitos equipamentos recebem motorista e seus convidados com estilo e conforto.
SEGURANÇA
Esqueça a versãode entrada, na qual controles de tração e estabilidade e luzes de xenônio ficam de fora.
SEU BOLSO
O preço deu uma leve queda, suficiente para estabelecer uma pequena vantagem diante do Cadenza.
1° Ford Fusion Titanium 2.0 GTDi
Por chegar depois, o estreante carrega uma cobrança natural por vitória em comparativos. O que não se esperava era uma vitória tão fácil. No posto de combustível, foi alvo de um comentário inusitado de um frentista: "Os donos de Fusion antigo vão ficar malucos". Sábias palavras. Notei alguns deles alucinados para emparelhar comigo no trânsito: apontavam, sorriam, faziam cara de aprovação. A maior parte estava a bordo do quatro-cilindros 2.5 e provavelmente vai se decepcionar com a estratégia da Ford de iniciar as vendas pela versão mais cara, a Titanium 2.0 turbo 4x4, de 112 900 reais, que substitui a antigaV6 3.0.
Enquanto o novo Fusion 2.5 - que será flex e brigará com VW Jetta, Hyundai Sonata e Kia Optima - não vem, o topo de linha Titanium vai dando conta dos rivais maiores. Além do desenho de efeito mais magnético, o Fusion impressiona pela tecnologia. Ao estacionar, ele avisa se cabe na vaga e esterça o volante para você. Se o sono bater e o carro começar a sair da faixa, ele vibra o volante para alertá-lo. Se a barbeiragem persistir, um aviso surge no painel. Na cidade, se o radar perceber uma rota de colisão, a linha hidráulica é pressurizada automaticamente, oferecendo capacidade máxima de frenagem. A Mercedes-Benz, cujos carros de entrada custam bem mais que os 112 990 reais do Fusion, só oferece tecnologia similar a partir das versões intermediárias. Um Passat complete, igual ao Fusion, sai por 146 021 reais - Cadenza e Azera sequer contam com essa tecnologia. Mas o Ford dá lá suas escorregadas: faróis com xenônio e leds, nem como opcional. O motor EcoBoost 2.0 mostrou atributos para aposentar o V6 do antigo Fusion, porém é menos eficiente que o 2.0 do Passat. Mas o teste de pista deixa claro: o Fusion encara com vantagens os V6 3.0 e 3.5 de Azera e Cadenza. Por custar menos, oferecer mais e transpirar novidade, o Fusion não deu chance aos rivais. Agora é esperar par aver se as versões mais simples mantêm a nota alta do escalão superior.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
O acerto de suspensão do Fusion fica no meio- termo entre a suavidade confortável do Cadenza e a rigidez esportiva do Passat.
MOTOR E CÂMBIO
Um câmbio com dupla embreagem, como odo Passat, estaria em melhor sintonia com a modernidade do Fusion.
CARROCERIA
A boca enorme e o perfil cupê são os belos presentes que sobraram do casamento da Ford com a Aston Martin.
VIDA A BORDO
Quem gosta de tecnologia terá na cabine do Fusion um parquede diversões repletode atrações.
SEGURANÇA
O pacote é completo, com airbag de joelhos para os ocupantes da frente, sistema de monitoramento de pressão dos pneus e alerta de presença de veículos em pontos cegos dos retrovisores externos.
SEU BOLSO
A versão topo de linha nunca vendeu bem, mas a nova geração chega com uma relação custo-benefício capaz de mudar esse jogo.
VEREDICTO
O Passat temo visual mais discreto e é o mais caro quando equipado como os outros rivais. Cadenza e Azera fizeram uma disputa apertada, com vantagem do sedã da Hyundai por vender bem mais e oferecer uma rede autorizada maior. Assim, o Fusion venceu de lavada, por ter um motor eficiente e ainda ser superior em itens de série, tecnologia e design, tudo por um preço mais atraente.
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